No mês da Consciência Negra, data focada em relembrar as lutas dos movimentos negros pelo fim da opressão provocada pela escravidão, o Rolé está a caminho de mais um destino pelo Brasil, desta vez saindo do Rio de Janeiro em direção a Salvador. Ao longo do trajeto, onze pontos serão visitados pelos rolezeiros. O encontro acontece dia 11 de novembro, a partir das 14h.
Desde 2016 o Rolé visita diversas cidades pelo Brasil e, em parceria com projetos locais, cria trajetos para revisitar a história a partir do que as ruas podem falar. Já tendo passado por cidades como Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Manaus, São Paulo, Florianópolis, Belo Horizonte, chega pela 4ª vez na capital da Bahia, com o tema “Caminhos da Liberdade”.
O trajeto passa por pontos conhecidos da população, mas nessa abordagem os rolezeiros são convidados a experimentar a cidade refletindo sobre as camadas de tempo, e com especial enfoque nas manifestações de resistência criados pelo povo negro, que vão das revoltas históricas nem sempre abordadas em sala de aula até os caminhos para a liberdade por meio da cultura e da expressão artística.
“Caminhar por Salvador trazendo outras perspectivas e vislumbrando os cenários de liberdade e resistência estabelecidos pela população negra séculos atrás, é também um movimento de transformação e olhar para o futuro da cidade e seus cenários turísticos e culturais, que se preocupa em destacar a história negra e reverenciá-la”, reforça Eldon Batista das Neves, historiador e realizador do Odú Imersão Cultural, projeto parceiro do Rolé na cidade.
Com objetivo de resgatar esse protagonismo na luta pela liberdade e na própria história da cidade, o roteiro começa pelo Monumento a Maria Felipa, chamando atenção para o protagonismo das mulheres negras na construção do Brasil. Ao longo do passeio os professores evidenciam outras mulheres negras cruciais para construir caminhos de liberdade, como Dandara dos Palmares, Maria Firmina dos Reis, Tereza de Benguela, Lélia Gonzales, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, entre tantas outras.
Na sequência, os rolezeiros caminham em direção ao Elevador Lacerda. Um dos principais pontos turísticos de Salvador, assim como o primeiro elevador urbano do mundo, traz em sua oculta história a reflexão sobre a mão de obra que levantou a cidade. Na Câmara Municipal, o Rolé passa pelos legados de resistência e lutas que aconteceram ao longo do século XIX.
Na Praça da Sé, o Memorial das Baianas de Acarajé é ponto do Rolé não só para revisitar a história e tradição do ofício dos bolinhos que são bem cultural nacional, mas também para reverenciar novamente o papel das mulheres negras, escravizadas, livres ou libertas, não só em Salvador mas por todo o Brasil, nas lutas pela libertação, como por exemplo as caretas do Mingau, figuras históricas pouco conhecidas do Recôncavo Baiano.
Já no monumento Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência contra a escravidão e representante do Dia da Consciência Negra, os rolezeiros vão conhecer a importância da interação indígena-africana na formação dos primeiros Quilombos. O Rolé continua o trajeto por outros marcos como Largo Terreiro de Jesus, assim como pela Sociedade Protetora dos Desvalidos, Casa do Olodum, Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e Casa do Benin.
“Sabemos que uma caminhada pelo Pelourinho pode não ser uma novidade, mas a cidade conta história e nossa proposta é passar por esses pontos já conhecidos e valorizados como pontos turísticos e patrimônio cultural, destacando que muitos desses lugares foram essenciais para momentos históricos que definiram o que hoje entendemos por liberdade. ” diz Isabel Seixas, idealizadora do Rolé.
O Rolé é um passeio gratuito, aberto ao público e livre de inscrições e conta com o patrocínio da White Martins. Para participar, é só encontrar o grupo no ponto de encontro, Praça Visconde de Cayru, na lateral do Mercado Modelo, próximo ao Monumento em Homenagem a Maria Felipa, às 10 horas. O passeio tem cerca de 2 (duas) horas de duração.