Big Brother Brasil estreia nessa segunda-feira e especialista debate o interesse pela vida alheia

Foto: GShow / Divulgação

O maior reality show do Brasil começa hoje e com ele o interesse de milhões de pessoas em acompanhar a rotina de desconhecidos, com quem passam a conviver diariamente. Para além de simpatizar ou não com este formato de entretenimento, a ideia de acompanhar a vida alheia vai além da mera curiosidade e expõe aspectos humanos primários que superam as facilidades do mundo moderno.

Como explica Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, a fofoca e o interesse por informações dos outros são biológicos e até certo ponto, automáticos, sendo essenciais para a dança social.

“Desde que em doses moderadas, ciúme, interesse pela vida alheia, inveja e satisfação com o azar do outro, não precisam ser vistos como problemas a serem reprimidos a todo custo, pois fazem parte de um grande quebra cabeça social que nos ajudou como espécie, e ainda ajuda em certo grau. Por exemplo, a inveja de uma conquista alheia pode servir de motivador para um esforço maior na minha vida”, disse.

Ainda segundo Lívia, o interesse pela vida de alguém começa ainda quando somos bebês; “O cérebro humano possui uma estrutura preparada para observar os outros e interagir com eles, seja para gerar alianças ou competir. No córtex pré-frontal ventromedial está uma parte da regulação dos comportamentos sociais e manutenção de vínculos. Já no córtex somatossensorial direito está a base de sentimentos sociais, como a empatia e a capacidade de prever sentimentos por trás de expressões faciais”, explicou.

Além disso,  a especialista pontua ainda que também temos os neurônios espelho, que se ativam quando observamos uma ação de outra pessoa e criam uma atividade neural semelhante em nosso cérebro, como se nós estivéssemos fazendo aquela ação. “Quando alguém chora perto de nós, automaticamente nosso rosto muda de expressão, ou quando alguém sorri, nós sorrimos de volta”, detalhou.

A dinâmica social de hoje expõe publicamente, por redes sociais ou programas de TV, a vida de bilhões de pessoas, o que se torna um “parque de diversões” para nossos sistemas de reconhecimento emocional e julgamento social, trazendo à tona todos os instintos em diferentes intensidades. “Mesmo que essas pessoas expostas sejam famosas e estejam distantes, ter acesso a tantas ‘informações’ íntimas sobre a vida delas engana o cérebro, que entende que elas são importantes e as julga como se estivessem próximas”, alertou Lívia.

Apesar de todas essas explicações, caso você perceba que está “viciado” no programa e quer acompanhar menos, a especialista dá dicas do que fazer, como muda o foco de atenção, procure olhar para a própria vida com mais carinho. Veja exemplos:

  • Leituras que auxiliam no autoconhecimento – sempre em livros de papel!;
  • Criação de conexões reais com pessoas do seu convívio, por que não chamar aquele colega para um café?;
  • Reduzir o tempo de uso das mídias sociais, tendo em mente que as publicações refletem apenas um pequeno recorte da realidade alheia e que não vale a pena se comparar;
  • Inserir na rotina atividades ao ar livre, vale uma caminhada ou brincar com o pet.

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